quinta-feira, 10 de maio de 2012


Escutas da PF ligam assessor do MPES a Pimentel e acusados de fraude em Kennedy


Nerter Samora
O relatório da Polícia Federal sobre os diálogos interceptados que relacionam o nome do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), José Antônio de Almeida Pimentel, aos acusados de corrupção na prefeitura de Presidente Kennedy tem um novo personagem: o assessor jurídico do Ministério Público Estadual (MPES), Roland Leão Castello Ribeiro. Para a PF, o servidor foi um dos interlocutores frequentes entre Pimentel e o conselheiro do procurador-geral do município, Constâncio Borges Brandão – preso durante a “Operação Lee Oswald”.De acordo com o documento, Roland Castello Ribeiro é identificado como assessor do ex-procurador-geral de Justiça, José Maria de Oliveira Filho. O servidor do MPES teria demonstrado “demasiado interesse” nas ações de Constâncio – um dos representantes do prefeito Reginaldo Quinta (PTB), também preso. Consta no relatório, o registro de duas ligações entre o assessor jurídico e o procurador-geral de Kennedy.
Os diálogos aconteceram no espaço de dez minutos no dia 05 de março deste ano – dois dias antes de um dos encontros de Pimentel com o prefeito preso. Na primeira ligação, Roland conta para Constâncio que o petebista teria marcado uma reunião com o conselheiro, fato que o procurador-geral até então desconhecia:

Roland: O nosso amigo daqui me ligou, o advogado.
Constâncio: Sim.
Roland: Ele me disse que ligaram para ele dizendo que o Reginaldo tinha pedido para marcar uma reunião com um conselheiro. Tá sabendo?
Constâncio: Não
Roland: É, mas foi isso. Um conselheiro ligou para ele dizendo o seguinte: o prefeito pediu para uma pessoa marcar uma reunião comigo. Eu atendo ele, pode ser até amanhã, se ele quiser, mas tem ir você junto.
Constâncio: Não estou sabendo de nada, estive com ele sexta-feira o dia inteirinho e falei com ele na... de uma hora atrás.
Roland: Vê com ele da procedência disso.
Constâncio: Sim.
Roland: Porque ele me mandou um torpedo agora dizendo, explicando isso, ó, ele marcou uma reunião através de um intermediário e ele atendeu aqui, não tem problema nenhum, só que o advogado tem que estar junto, né, porque esse advogado né?
Constâncio: Sei. É.
Roland: E pode ser amanhã se quiser... Aí tem que ver se ele quer marcar amanhã, se não quer, como é que vai ser.
Constâncio: Eu vou ver aqui e te passo a posição.
Roland: Tá bom beleza então.

Logo em seguida, Constâncio ligou para o prefeito que negou o pedido de marcação de audiência com o conselheiro do TCE. No diálogo, o procurador-geral disse a Quinta que iria falar com a "pessoa" que havia lhe passado a informação de que não haveria a necessidade do encontro. No entanto, minutos depois, Roland voltou a conversar com o procurador-geral e afirmou que, na verdade, o conselheiro Pimentel que gostaria de falar com o petebista:

Roland: Já combinei com ele aquilo que você sugeriu, está tudo certo, agora, ele me disse que teve pessoalmente com o cara, aí o cara deu informação para ele, mas ele disse que o cara está precisando, independente de ter tido uma pessoa lá conversando com ele, ele está precisando com seu chefe aí.
Constâncio: Ah, vindo daí para cá, né?
Roland: É.. Agora... Ele falou assim, embora uma pessoa tenha me procurado para falar que ele queria marcar reunião, eu realmente estou precisando conversar com ele. Quer saber se podia ser amanhã de manhã.
Constâncio: Rapaz, o pior é que não vai poder.
Roland: Amanhã de manhã não.

Constâncio: Eu liguei para ele e ele já estava saindo para um outro lugar... Por pouco não pego ele sem o... Aqui fica muito sem sinal né? Aí ele não vai estar. Mas aí converso com você melhor amanhã e combino com ele para amanhã mesmo de tarde alguma coisa assim...
Roland: Depois de amanhã de manhã
Constâncio: Isso.
Roland: Tá bom.

Imediatamente depois dos diálogos entre o assessor jurídico e o procurador-geral, o relatório da PF registra uma ligação feita pelo conselheiro Pimentel ao prefeito, retornando a ligação e marcando a reunião para o final daquela manhã. Dois dias após o encontro, Roland voltou a procurar Constâncio para saber "como está lá", em referência a situação dos editais de licitação suspensos por decisão do TCE. Como resposta, o procurador-geral afirmou que três editais seriam liberadas - no mesmo dia, a prefeitura republicou os editais no Diário Oficial do Estado.
Ao final do relatório, o agente de Polícia Federal aponta como um “conjunto indiciário contundente” contra o conselheiro e sugere o envio do documento para o subprocurador-geral de República, único com atribuição de propor investigação contra conselheiros de Contas. “Aponta o envolvimento inequívoco destas pessoas em fraudes licitatórias no bojo da ‘Operação Lee Oswald’, mas também no passado, quando da ‘Operação Moeda de Troca’”, classifica.
Em nota de esclarecimento, o conselheiro José Antônio Pimentel afirmou que não teve qualquer relação com o assessor jurídico do MPES, Roland Leão Castello Ribeiro. Sobre os editais de licitação republicados, Pimentel disse em entrevista à Rádio CBN Vitória que os certames não seriam homologados e que a republicação era de iniciativa da própria administração.
A respeito das conversas com acusados de fraudes em Kennedy, o conselheiro disse que não tem qualquer ligação com os envolvidos e de que os encontros com o prefeito foram apenas de orientação.
Leia Mais: Pimentel confirma encontros, mas nega ‘intimidade’ com envolvidos em fraudes(reportagem publicada em 08/05/2012)”

Fonte:Blog Kennedense com informações- Século Diário

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