Por meio de uma mega operação, envolvendo a Polícia Federal, as Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do estado fluminense (Gaeco), foram apreendidos próximo à fronteira do Rio de Janeiro com o Espírito Santo mais de meia tonelada de maconha. A maior apreensão já realizada pela delegacia regional de Campos.
A droga que encheu a carroceria de uma caminhonete da Polícia Federal foi encontrada no município de Travessão – RJ, na localidade de Cachorro d´água.
De acordo com a denúncia do MP, a droga pertenceria a cinco grupos criminosos diferentes, e estava estocada para distribuição nos municípios do norte fluminense e do Espírito Santo.
Ainda de acordo com a denúncia a droga seria distribuída no Espírito Santo a partir do município de Bom Jesus do Norte, contudo, como um dos municípios fluminenses pólo de distribuição do grupo era São Francisco do Itabapoana, divisa com Presidente Kennedy, acredita-se que o grupo também planejava firmar bases de operação a partir de Kennedy e Marataízes.
A operação, denominada “Mil Grau”, foi deflagrada no último dia 22 de março, sendo que desde então 34 pessoas já foram denunciadas à justiça como integrantes de quadrilha organizada, tráfico de drogas e associação para o tráfico.
Além dos traficantes, o MP indiciou ainda dois advogados que estão respondendo por crime de colaboração com o tráfico.
A operação
As investigações se iniciaram depois que o Destacamento de Policiamento Ostensivo de Travessão recebeu denúncias anônimas sobre a movimentação de bandidos na região. Com o auxílio da Polícia Civil iniciaram-se as apurações. Como as primeiras observações apontavam para algo muito grande, as corporações acionaram o MP que por sua vez acionou a PF.
A Polícia Federal e o MP, por sua vez, conseguiram desbaratar o esquema se valendo de forte inteligência policial. Foram mais de seis meses de investigação, envolvendo interceptações telefônicas realizadas com autorização judicial, que acabaram por evidenciar de forma clara o envolvimento da quadrilha, que além do tráfico de drogas se envolvia também com o comércio de armas e o planejamento de crimes de homicídio e roubo.
Durante a operação, buscas também foram realizadas na Cadeia Pública Dalton Crespo de Castro e no Presídio Carlos Tinoco da Fonseca, onde integrantes da quadrilha continuavam a operar o comércio de drogas dentro e fora dos estabelecimentos prisionais. Na Dalton Crespo, foram apreendidos celulares, chips, carregadores, facas artesanais e pequena quantidade de drogas.
Situação do Espírito Santo
O Estado não está preparado para lidar com este tipo de organização criminosa. Sequer há postos de vigilância e fiscalização policial nas fronteiras com os Estados. Até os postos de fiscalização sanitária e fiscal foram desativados na gestão do governo anterior.
Nesse sentido, o presidente da Comissão de Segurança da Assembléia Legislativa, deputado Gilsinho Lopes, denunciou em recente reunião da comissão, que o Estado não está cumprindo sequer a lei que determina que haja fiscalização dos condutores de veículos pesados nas estradas estaduais, como uma das formas de minimizar o roubo de cargas e veículos pesados, pois conforme o deputado, o Estado se tornou um dos grandes receptadores deste tipo de atividade criminosa.
O deputado também chama a atenção para o fato de que atualmente há no Estado, somente em relação a homicídios e na grande Vitória, ou seja sem contar os do interior, mais de 20 mil inquéritos parados por falta de efetivo policial civil, ainda pior, quando estão aguardando nomeação 137 candidatos aprovados no concurso de agente de polícia civil de 2008, finaliza o deputado.
Já para o deputado Luciano Pereira, a falta de policial civil no Espírito Santo é tão alarmante, que para exemplificar a situação o deputado conta que recentemente no noroeste do estado um traficante foi preso e não pode ser atuado, pois o delegado da região já havia saído do expediente e não havia outros para efetuar o plantão, obrigando os policiais a se deslocarem por mais de cem quilômetros para conseguir fazer a lavratura do flagrante em outra localidade e assim deixando toda uma região desprotegida.
Por outro lado, contraditoriamente, esse é o modelo que está sendo defendido pelo atual secretário Estadual de Segurança, que defende a criação de delegacias seccionais com a consequente desativação das delegacias dos pequenos municípios.
De acordo com os deputados, são contradições como estas que estão permitindo que o Espírito Santo continue a vivenciar uma das mais altas taxas de criminalidade no mundo, sendo a 2ª maior do Brasil e cada vez se mostrando mais atrativo para a bandidagem especializada.
fonte:
via es