domingo, 24 de abril de 2011


"Fora de moda", telefones públicos caem em desuso



Cerca de 18 mil orelhões devem "sumir" de São Paulo após novo plano da Anatel

Avanço da telefonia celular resultou em queda na venda de cartões telefônicos em 53% desde 2004

RAPHAEL MARCHIORI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA 

Ivan Alves Santos, 20, tem dois celulares e já nem se lembra quando foi a última vez que usou um dos 1,1 milhão de orelhões espalhados no país. "Com as promoções falo com todo mundo", diz.

A opção de Santos é a mesma do terapeuta ocupacional Naum Mesquita, 31, que tem dois dos 207 mil telefones móveis registrados no Brasil.

Precisei do orelhão numa viagem ao Ceara há sete anos e nunca mais usei", diz.
Esnobar os telefones públicos não é exclusividade de Santos e Mesquita. Com o avanço dos celulares, a venda de cartões telefônicos caiu 53% desde 2004 no país.
Os dados são da Anatel (agência do Governo Federal que administra a telefonia no país) e foram obtidos com exclusividade pela Folha.

A Oi, empresa de telefonia que atua em Estados como Rio de Janeiro e Bahia, confirma a tendência. Cerca de 40% dos seus 550 mil orelhões estão ociosos e, de 2008 para cá, as receitas com os aparelhos caíram 70%.
Já a Telefônica admite a redução no uso dos orelhões em São Paulo -mas não informa seus números.

REVERSÃO
Os telefones públicos se espalharam no país após um decreto federal de 2003 instituir um plano de universalização, que entrou em vigor em 2006 e determinou a instalação de seis orelhões a cada grupo de mil habitantes.

Hoje, já são mais de 1,1 milhão de telefones públicos no país- 68 mil somente na cidade de São Paulo. Ante a queda na vendas de cartões, porém, esses números também devem cair em breve.

Um novo plano de universalização já é analisado pela agência federal e, caso seja aprovado, vai reduzir, por exemplo, cerca de 18 mil orelhões só em São Paulo.

O engenheiro elétrico e professor da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Carlos Gianoto, afirma que a ociosidade desses aparelhos está diretamente ligada ao crescimento econômico, que popularizou o celular.

"O uso social do orelhão já não é uma verdade absoluta. Mas as concessionárias são obrigadas a mantê-los."

Em alguns países europeus, a saída foi adaptar cabines telefônicas para acesso à internet. Mas Gianoto é cético quanto à possibilidade da ideia emplacar no Brasil.
"As tarifas precisam ser atraentes para dar certo. Além disso, um executivo com seu notebook já tem banda larga móvel e não precisa do telefone público."

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