No hotel, crime foi cometido em 20 minutos
Menina que estava desaparecida foi enforcada pela amante do pai com cadarço de tênis, em hotel de Caxias. Assassina planejou o crime para conseguir R$ 2 mil
Rio - O desaparecimento de Lavínia Azeredo de Oliveira, de 6 anos, na segunda-feira, em Duque de Caxias, teve desfecho trágico. O corpo da menina foi encontrado ontem, sob o estrado de uma cama de concreto do quarto 6 do Hotel Municipal, no Centro de Caxias. Luciene Reis Santana, de 24, amante do professor de Educação Física Rony dos Santos Oliveira, de 30, pai da vítima, foi presa e confessou o crime. Para a polícia, ela agiu sozinha ao pegar a garota, forjar um sequestro e matar a criança para não ser reconhecida.
Lavínia foi enforcada com o cadarço do próprio tênis. Seu corpo foi achado por um funcionário do hotel, enrolado num lençol e com a cabeça coberta com uma toalha.
O crime começou a ser esclarecido na noite de terça-feira, depois que agentes conseguiram imagens mostrando Luciene e Lavínia dentro de um ônibus da Viação Santo Antônio, pouco após as 6h de segunda-feira.
O assassinato causou revolta. A 60ª DP (Campos Elíseos), para onde Luciene foi levada, teve a segurança reforçada por PMs. Mais de 300 pessoas se aglomeraram em frente à delegacia e tentaram invadir o local para tentar linchar a criminosa. “Ela é a assassina e a motivação do crime foi dinheiro”, assegurou o delegado Robson Costa.
Luciene vai responder por sequestro seguido de morte e pode pegar de 24 a 30 anos de prisão. “Trata-se de crime hediondo, com vários agravantes, entre eles, o de a vítima ser menor de idade e não ter tido chance de se defender”, afirmou Costa.
O delegado ainda não decidiu se vai responsabilizar também os proprietários e os funcionários do Hotel Municipal, que não teriam percebido a entrada da menina. À noite, Luciene foi transferida para a Polinter de Magé, sob forte esquema de segurança.
Dentro do hotel, a morte em menos de 20 minutos
Três funcionárias do hotel contaram à polícia que Luciene teria chegado ao estabelecimento pouco antes de 7h de segunda-feira. Elas garantiram que não viram Lavínia, alegando que o balcão da recepção é alto. A amante do pai da menina teria permanecido menos de 20 minutos no quarto, onde pediu um maço de cigarros e um pacote de batatas fritas, no valor de R$ 8.
“Fui acordado pelas recepcionistas, pedindo que eu interpelasse a mulher (Luciene), que estava saindo. Nervosa e fumando muito, ela alegou que não tinha dinheiro e que ia pedir a alguém, pelo orelhão, para levar os R$ 8 . Depois, acabou concordando, para pagar o gasto, em limpar os quartos 7 e 8. Não sei como ela teve tanta frieza para fazer isso tudo, mesmo já tendo matado a menina”, revelou o segurança João Batista Cruz, que disse morar no hotel.
Segundo ele, ontem de manhã, o corpo foi descoberto por um funcionário da manutenção elétrica, que foi consertar o ar-condicionado e desconfiou do mau cheiro no quarto.
Indignados, curiosos que acompanharam a retirada do corpo de Lavínia tentaram invadir e quebrar o Hotel Municipal. “Esse estabelecimento funciona como ponto de drogados e prostitutas. Tinha que ser fechado”, afirmou um comerciante, dono de uma loja nas imediações.
Tio-avô de vítima imobilizou a criminosa
Foi um tio-avô de Lavínia, o supervisor naval Celso Oliveira de Assis, de 60, quem ajudou a polícia a prender Luciene Santana ontem de manhã. Ela havia marcado encontro, por volta de 9h, na Praça de Gramacho, com o pai da criança, a quem exigiu dinheiro para dizer onde estava a menina.
Mesmo depois da prisão da amante, Rony ainda voltou para casa sem saber que a filha estava morta. Foi o padrinho da menina, Rogério dos Santos Oliveira, de 33, que estava no IML de Caxias, quem deu a notícia sobre a sobrinha ao irmão.
“Olha só, fica calmo, tá! Estou aqui, perto dela, mas a nossa menina não tem mais vida... Dá apoio para Andréa (mãe de Lavínia)”, disse, às lágrimas, Rogério, que já havia reconhecido o corpo da sobrinha no hotel. Rony, que estava em casa ao lado da mulher, sofreu uma crise nervosa e teve que ser atendido por uma equipe do Samu. Lavínia faria 7 anos no dia 13.
Na década de 60, ‘Fera da Penha’ colocou fogo em menina
A morte de Lavínia é um dos muitos casos envolvendo crianças que chocaram a sociedade. Uma história parecida com a dela aconteceu na década de 60 e ficou conhecida como ‘A Fera da Penha’. Por ciúmes, Neyde Maria Lopes matou Tânia Maria Coelho Araújo, a Taninha, filha de seu amante, Antônio Couto Araújo. Ela atirou na menina e a incendiou.
Anos depois, foi condenada a 33 anos de prisão em regime fechado, mas conquistou a liberdade 15 anos depois. Atualmente, vive numa casa na Zona Norte da cidade.
Segundo o psiquiatra forense Talvane de Moraes, esse tipo de crime bárbaro geralmente tem motivação passional. “A pessoa usa a criança para promover a vingança e atingir violentamente o outro”, afirmou. Talvane acrescentou que as crianças são facilmente enganadas, o que facilita a aproximação com o criminoso.
Em maio passado, a procuradora de Justiça aposentada Vera Lúcia Sant’Ana Gomes, de 66, acabou presa após ficar comprovada denúncia de tortura e maus-tratos contra criança de apenas 2 anos.
Três meses depois, a menina Joanna Marcenal Marins morreu depois de ficar 26 dias internadas e ser atendida por falso médico. Ela apresentava hematomas pelo corpo após passar alguns dias com o pai.
Em novembro, uma menina de 9 anos foi achada morta num dos acessos ao Morro da Providência. O marceneiro Jonas Marcelino da Silva, 35, confessou o crime a facadas.
Amante do pai de Lavínia, Luciene Reis confessou na delegacia que sequestrou e matou a menina | Foto: Eduardo Naddar / Agência O Dia
>>FOTOGALERIA: Veja imagens do trágico fim do sequestro da menina LavíniaLavínia foi enforcada com o cadarço do próprio tênis. Seu corpo foi achado por um funcionário do hotel, enrolado num lençol e com a cabeça coberta com uma toalha.
O crime começou a ser esclarecido na noite de terça-feira, depois que agentes conseguiram imagens mostrando Luciene e Lavínia dentro de um ônibus da Viação Santo Antônio, pouco após as 6h de segunda-feira.
O assassinato causou revolta. A 60ª DP (Campos Elíseos), para onde Luciene foi levada, teve a segurança reforçada por PMs. Mais de 300 pessoas se aglomeraram em frente à delegacia e tentaram invadir o local para tentar linchar a criminosa. “Ela é a assassina e a motivação do crime foi dinheiro”, assegurou o delegado Robson Costa.
Curiosos se concentraram em frente ao hotel onde o corpo da menina foi encontrado | Foto Eduardo Naddar / Agência O Dia
Segundo o delegado, Luciene sabia que Rony tinha R$ 2 mil guardados para a compra de um carro e ainda tentou incriminar o ex-marido, Euzimar de Oliveira, de 25. “Mesmo depois de ter matado a criança, ela ligou para Rony, dizendo que quem supostamente tinha sequestrado Lavínia era Euzimar e que ela poderia intermediar o pagamento do sequestro, justamente R$ 2 mil”, detalhou o policial, que se emocionou ao comentar o desfecho das investigações.Luciene vai responder por sequestro seguido de morte e pode pegar de 24 a 30 anos de prisão. “Trata-se de crime hediondo, com vários agravantes, entre eles, o de a vítima ser menor de idade e não ter tido chance de se defender”, afirmou Costa.
O delegado ainda não decidiu se vai responsabilizar também os proprietários e os funcionários do Hotel Municipal, que não teriam percebido a entrada da menina. À noite, Luciene foi transferida para a Polinter de Magé, sob forte esquema de segurança.
Dentro do hotel, a morte em menos de 20 minutos
Três funcionárias do hotel contaram à polícia que Luciene teria chegado ao estabelecimento pouco antes de 7h de segunda-feira. Elas garantiram que não viram Lavínia, alegando que o balcão da recepção é alto. A amante do pai da menina teria permanecido menos de 20 minutos no quarto, onde pediu um maço de cigarros e um pacote de batatas fritas, no valor de R$ 8.
“Fui acordado pelas recepcionistas, pedindo que eu interpelasse a mulher (Luciene), que estava saindo. Nervosa e fumando muito, ela alegou que não tinha dinheiro e que ia pedir a alguém, pelo orelhão, para levar os R$ 8 . Depois, acabou concordando, para pagar o gasto, em limpar os quartos 7 e 8. Não sei como ela teve tanta frieza para fazer isso tudo, mesmo já tendo matado a menina”, revelou o segurança João Batista Cruz, que disse morar no hotel.
Segundo ele, ontem de manhã, o corpo foi descoberto por um funcionário da manutenção elétrica, que foi consertar o ar-condicionado e desconfiou do mau cheiro no quarto.
Indignados, curiosos que acompanharam a retirada do corpo de Lavínia tentaram invadir e quebrar o Hotel Municipal. “Esse estabelecimento funciona como ponto de drogados e prostitutas. Tinha que ser fechado”, afirmou um comerciante, dono de uma loja nas imediações.
Tio-avô de vítima imobilizou a criminosa
Foi um tio-avô de Lavínia, o supervisor naval Celso Oliveira de Assis, de 60, quem ajudou a polícia a prender Luciene Santana ontem de manhã. Ela havia marcado encontro, por volta de 9h, na Praça de Gramacho, com o pai da criança, a quem exigiu dinheiro para dizer onde estava a menina.
Imagens do circuito interno do ônibus mostram Lavínia com a amante do pai, de rosa, no fundo do vídeo | Foto: Divulgação
“Segui o Rony em outro carro e consegui chegar perto dos dois, sem que ela soubesse quem eu era. Foi quando escutei a assassina dizer para o meu sobrinho: ‘Você me dá o dinheiro, eu entrego para o cara e pego a menina de volta’. Aí, não tive mais dúvida: agarrei a mulher pelos cabelos, a imobilizei no chão, e pedi a um primo que me acompanhava para chamar a polícia”, contou.Mesmo depois da prisão da amante, Rony ainda voltou para casa sem saber que a filha estava morta. Foi o padrinho da menina, Rogério dos Santos Oliveira, de 33, que estava no IML de Caxias, quem deu a notícia sobre a sobrinha ao irmão.
“Olha só, fica calmo, tá! Estou aqui, perto dela, mas a nossa menina não tem mais vida... Dá apoio para Andréa (mãe de Lavínia)”, disse, às lágrimas, Rogério, que já havia reconhecido o corpo da sobrinha no hotel. Rony, que estava em casa ao lado da mulher, sofreu uma crise nervosa e teve que ser atendido por uma equipe do Samu. Lavínia faria 7 anos no dia 13.
Na década de 60, ‘Fera da Penha’ colocou fogo em menina
A morte de Lavínia é um dos muitos casos envolvendo crianças que chocaram a sociedade. Uma história parecida com a dela aconteceu na década de 60 e ficou conhecida como ‘A Fera da Penha’. Por ciúmes, Neyde Maria Lopes matou Tânia Maria Coelho Araújo, a Taninha, filha de seu amante, Antônio Couto Araújo. Ela atirou na menina e a incendiou.
Anos depois, foi condenada a 33 anos de prisão em regime fechado, mas conquistou a liberdade 15 anos depois. Atualmente, vive numa casa na Zona Norte da cidade.
Segundo o psiquiatra forense Talvane de Moraes, esse tipo de crime bárbaro geralmente tem motivação passional. “A pessoa usa a criança para promover a vingança e atingir violentamente o outro”, afirmou. Talvane acrescentou que as crianças são facilmente enganadas, o que facilita a aproximação com o criminoso.
Em maio passado, a procuradora de Justiça aposentada Vera Lúcia Sant’Ana Gomes, de 66, acabou presa após ficar comprovada denúncia de tortura e maus-tratos contra criança de apenas 2 anos.
Três meses depois, a menina Joanna Marcenal Marins morreu depois de ficar 26 dias internadas e ser atendida por falso médico. Ela apresentava hematomas pelo corpo após passar alguns dias com o pai.
Em novembro, uma menina de 9 anos foi achada morta num dos acessos ao Morro da Providência. O marceneiro Jonas Marcelino da Silva, 35, confessou o crime a facadas.
Reportagem de Francisco Edson Alves e Geraldo Perelo
fonte:O DIA ONLINE
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