domingo, 21 de novembro de 2010


Recenseador fraudou pelo menos 150 domicílios em Belo Horizonte
R7
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) constatou fraudes no Censo 2010 praticadas por recenseadores, em Belo Horizonte (MG). No bairro Serra (região Centro-Sul da capital mineira), por exemplo, os dados de pelo menos 150 domicílios foram manipulados.

Segundo a recenseadora Maria de Fátima Silva, que está revisitando as residências envolvidas nestas fraudes para a coleta dos dados e para a correção das informações, o funcionário infrator adulterou informações relevantes, como os nomes e número de moradores, renda e grau de instrução.

Cerca de 240 mil pessoas foram contratadas (coleta, supervisão, apoio e administrativo) para trabalhar no censo deste ano, que teve orçamento previsto de R$ 1,4 bilhão. No último dia 31, a coleta de dados para o Censo 2010 na capital foi finalizada. A chefe da unidade estadual do IBGE, Maria Antônia Esteves, afirma que as fraudes não deverão comprometer o resultado final, que será divulgado no próximo dia 29 deste mês.
Segundo ela, o trabalho do recenseador é auditado. Nessa verificação, feita por amostragem, é possível detectar se os dados foram coletados de maneira correta ou não, e efetuar as devidas correções, em tempo hábil.

- É possível que possam ter acontecido outros casos, porém, a fraude ocorrida na capital é considerada como um fato isolado.

Ele afirmou ainda que não foram registrados outros casos semelhantes no Estado, até o momento. No entanto, no site oficial da instituição, é possível consultar dados do Censo 2010, como o total da população de Minas Gerais, que foram publicados no Diário Oficial da União, no último dia 4. Sobre esses números, a chefe do IBGE em Minas Gerais explicou que tratam-se de dados preliminares, que ainda serão supervisionados.

Em 24 apartamentos, 15 fraudes registradas

Na rua Capivari, no bairro Serra, somente em um edifício de 24 apartamentos, 15 unidades foram fraudadas. A recenseadora Maria de Fátima Silva lembrou que é preciso cumprir metas.

- Neste caso, ao que tudo indica, o responsável pela área não deve ter conseguido completar os trabalhos e resolveu inventar tudo da cabeça dele.

Ela ainda ressaltou que os recenseadores foram contratados por meio de um concurso público, treinados e orientados para a execução do serviço, pois tanto os moradores como os funcionários contratados pelo Instituto são passíveis de punição em caso de fraude.

A síndica do condomínio, que pediu para não ser identificada, e que também teve os dados informados incorretamente, permitiu a entrada da recenseadora no edifício para que a situação dos moradores fraudados, fosse regularizada. Nenhum morador foi encontrado para comentar o problema.

A ausência dos moradores também é um problema. Segundo a recenseadora que foi incumbida de coletar os dados e corrigir as informações e que desde a última quarta-feira (17) iniciou os trabalhos, os moradores que não estão em casa no momento da visita são alertados sobre a entrevista. Ela disse que está deixando nos locais uma folha de recado, em papel timbrado do IBGE, com os números de meus telefones, celular e de casa, para que as pessoas consigam responder ao questionário do Censo 2010. A entrevistadora tem até amanhã (21) para concluir a tarefa.

Quem não foi recenseado deve acessar o site

Ainda no site do Instituto são disponibilizadas informações para quem ainda não foi recenseado. Ele comunica que a coleta do Censo 2010 já terminou e que, no momento, o IBGE está realizando a etapa de supervisão da cobertura, para que ninguém fique de fora. Por fim, oferece um formulário, informando que, depois do preenchimento do documento, em no máximo 72 horas, o IBGE entrará em contato por telefone para agendar a visita do recenseador.

De acordo com o órgão, a lei que rege a obrigatoriedade de prestação de informações estatísticas informa o cidadão brasileiro acerca de sua responsabilidade de ajudar o país com segurança, sabendo que toda informação fornecida terá fins exclusivamente estatísticos.

Previsto na lei 5.534 de 14 de novembro de 1968, o cidadão tem garantido seu direito de sigilo estatístico e seu dever de prestar informações ao IBGE. Em caso de prestação de informações falsas, o infrator ficará sujeito a multa de até dez vezes o maior salário mínimo vigente no país, quando primário; e de até o dobro desse limite, quando reincidente. Se a infração for praticada por servidor público, no exercício de suas funções, caberá ao IBGE lavrar e processar os autos de infração, bem como aplicar as multas previstas em lei. O recenseador poderá ter que pagar uma multa correspondente a um mês de seu vencimento ou de seu salário.

Ainda de acordo com o Instituto, o Censo 2010 tem por objetivo ser um retrato de corpo inteiro do país com o perfil da população e as características de seus domicílios, ou seja, ele nos dirá como somos, onde estamos e como vivemos. Cerca de 20 mil agentes censitários preparados pelo o IBGE percorreram as ruas dos municípios do Estado. Na capital, cerca de 740 mil domicílios foram visitados de agosto até o fim de outubro.

Censo ajuda a definir investimentos

De acordo com o IBGE, o censo é a principal fonte de dados sobre a situação de vida da população nos municípios e localidades.

São coletadas informações para a definição de políticas públicas em nível nacional, estadual e municipal. Os resultados do censo também ajudam a iniciativa privada a tomar decisões sobre investimentos.

Além disso, a partir deles, é possível acompanhar o crescimento, a distribuição geográfica e a evolução de outras características da população ao longo do tempo.

Por meio do Censo, o poder público pode identificar áreas de investimentos prioritárias em saúde, educação, habitação, saneamento básico, transporte, energia, programas de assistência à infância e à velhice. E também selecionar locais que necessitam de programas de estímulo ao crescimento econômico e desenvolvimento social.

Ao contar a população, o Censo produz resultados que servem de parâmetro para saber quanto cada cidade receberá de repasse federal. Ainda conforme o IBGE, são os resultados do Censo que fornecem as referências para as estimativas populacionais realizadas nos anos seguintes, com base nas quais o TCU (Tribunal de Contas da União) define as cotas do Fundo de Participação dos Estados e do Fundo de Participação dos Municípios.

Além de fornecer informações imprescindíveis para a distribuição orçamentária das pastas da Educação, Cultura, Saúde e Infraestrutura, baseadas no número e distribuição da população.

fonte:Folha Vitória

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