domingo, 18 de março de 2012


Hospital dos Plantadores de Cana: Empreendorismo frente à crise

Fotos: Reprodução / Carlos Grevi
Frederico Paes: ‘desafio é recuperar a qualidade no atendimento’

Frederico Paes: ‘desafio é recuperar a qualidade no atendimento’
Em entrevista ao Site Ururau, o novo diretor geral do Hospital dos Plantadores de Cana (HPC), Frederico Paes, que também é presidente da Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro Ltda. (COAGRO/Usina São José), afirmou nesta quinta-feira (15/03) que sua principal missão agora será devolver o hospital a comunidade como um todo, recuperando um atendimento médico de excelência que já foi, segundo ele mesmo diz, “uma referência de qualidade” para toda a região. Ciente da crise institucional que o hospital enfrenta nos últimos anos e dos desafios de sua nova função, Paes destaca que não existe “mágica” para recolocar o HPC ao seu lugar de direito, mas afirma que a competência dos funcionários e médicos torna o desafio viável e muito bem-vindo. 



Eleito no dia 5 de março após uma eleição de chapa única para escolha da nova direção do hospital, Frederico Paes conta que talvez seja um dos poucos que acreditam na recuperação do HPC. “Eu nasci no hospital dos plantadores de cana e sei que as pessoas sempre buscaram o hospital justamente por ser uma referência de qualidade de atendimento. É só perguntar para as pessoas mais antigas da cidade qual era o hospital que, há 20anos, possuía uma qualidade superior a de muitos hospitais particulares e conveniados. Meu objetivo é devolver o hospital a comunidade como um todo como um local de excelência no atendimento às pessoas. Apesar de muitos médicos terem saído, o grupo de médicos que lá está continua como o maior patrimônio do HPC. Estou falando de médicos competentes e comprometidos com a instituição”,afirma, ressaltando que, diversos médicos que lecionam na Faculdade de Medicina de Campos utilizam o hospital como parceiro.

“Entendo que esta parceria é muito benéfica e apesar do HPC não ser um hospital de ensino como o Hospital Escola Álvaro Alvim, ele também desempenha esta função”, diz.

Prático, o novo diretor geral do HPC diz que vai unir sua experiência a frente da Coagro para empreender mudanças. Segundo ele, a dedicação dos quadros funcionais do hospital é um fator determinante para que as coisas possam acontecer. “Quero unir a abnegação destes médicos e funcionários com uma vontade minha de empreender. Eu e a minha equipe pegamos a Coagro (Usina São José) quebrada. Funcionários desestimulados, com salários atrasados...Hoje, não digo 100%, mas a maioria dos funcionários se sente orgulhoso em trabalhar para a Coagro. Quero trabalhar para que os funcionários do HPC tenham orgulho de trabalhar lá. Vamos trabalhar para que o HPC volte a ser este hospital de referência, mas é importante que saibam que não temos uma “vara de condão” para fazer mágica. Hoje, o HPC se encontra numa grave crise financeira,mas acredito que, dentro de no máximo dois anos, estaremos devolvendo o hospital de volta a comunidade. Queremos ser o melhor no fazemos e no atendimento ao SUS. Para se ter uma idéia, 90% dos atendimentos do HPC é do SUS. Para atendermos convênios e particulares, primeiramente, devemos ter qualidade no atendimento pelo SUS. Esta é a minha meta: dar qualidade ao atendimento do Hospital dos Plantadores de Cana. Hoje, quando falamos em SUS, a primeira idéia que nos vem à cabeça é a de um atendimento deficitário, filas intermináveis, pessoas desanimadas. Vamos trabalhar para que este quadro não exista no HPC. Vamos conseguir atender a todos com qualidade, pois não há como fazer um tratamento diferenciado se não tivermos uma excelência no atendimento ao SUS”, afirma, lembrando que está contando com uma equipe altamente capacitada e experiente para este desafio. “Uma equipe vitoriosa!”, diz.

Atualmente, o HPC está direcionado para a UTI neonatal, com 10 leitos de UTI e 20 leitos de UI (unidade intermediária) que atendem muitas crianças, algumas com menos de 500 gramas, que são salvas e voltam para suas casas para levar uma vida normal. Antes, segundo o próprio diretor geral, estas crianças morriam, não por falta de boa vontade dos médicos, mas porque não havia um local apropriado pra colocar estas crianças.  

“Só pelo SUS no ano passado, realizamos 64.561 consultas, internamos cerca de 7 mil pacientes e realizamos 3.919 cirurgias.São números importantes para um hospital em crise em vias de encerrar suas atividades. A cidade não pode perder uma unidade de saúde tão operacional como o Hospital dos Plantadores de Cana”, afirma, destacando que, antigamente, não podia dedicar seu tempo a mais nada senão a Coagro. 

“Hoje, já posso dedicar metade do meu tempo ao hospital, porque tenho a segurança de saber que a Coagro já consegue caminhar bem. O desafio que me move agora não é de utopia ou de um sonho. A grande questão é que eu acredito realmente que posso fazer e realizar. Antes de assumir o Hospital, eu fiz um levantamento junto a minha equipe e concluí que o HPC é viável. Precisa de consertos, mudanças, mas é viável, principalmente pela equipe de médicos e funcionários que possui. Sem os profissionais que temos lá,não há como recuperar o hospital. Por isso estou confiante no desafio que assumi junto a esta equipe e a sociedade”, diz.

Apoio governamental, Royalties e desenvolvimento regional 

Segundo Frederico Paes, não há como manter um hospital funcionando na cidade de Campos sem o apoio da Prefeitura.  “Para se ter uma idéia,basta dizer que metade dos recursos que entram no HPC são da Prefeitura de Campos, e a outra metade é do governo federal. Os recursos estão sendo repassados com regularidade e nossa intenção é prestar serviços à população,logo, não usaremos esses recursos para recuperar o hospital”, destaca Paes, sem esquecer da incômoda possibilidade da perda dos recursos provenientes dos Royalties.  

“A discussão dos Royalties é uma questão de suma importância para nós do hospital, pois se houver a perda destes recursos, teremos que fechar as portas. Creio de precisamos buscar recursos em outras fontes para não ter uma dependência tão grande deste recurso e continuar a atender a todos os pacientes, sejam de Campos e dos outros municípios, que não repassam nenhum tipo de recurso para o hospital. Apenas com os repasses do SUS é impossível de realizar este atendimento. Muitos empreendimentos estão chegando à região, e com isso, o setor da Construção Civil está crescendo muito.O curioso para mim é perceber que, em termos de infraestrutura de Saúde, não exista uma preocupação tão acentuada como a direcionada a outros setores e isso é preocupante”, afirma.

fonte:Ururau.com

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