Formigueiros na BR-356 fragilizam a pista e preocupam Defesa Civil
Fotos: Mauro de Souza / Ururau
Força da água pode romper trecho novamente em Três Vendas
Com a proximidade do fim do ano, período de chuvas na região, os moradores de Três Vendas estão preocupados com a possibilidade de uma nova inundação. Além disso, existe uma infiltração embaixo da BR-356, em frente à localidade,que segundo a Defesa Civil de Campos, o ponto está fragilizado e se o Rio Muriaé voltar a encher a pista corre risco de romper.
No início deste ano, Três Vendas foi um dos pontos mais atingidos pela enchente em Campos, mais de três mil pessoas ficaram desabrigadas e desalojadas.
No dia cinco de janeiro, a força da água fez com que a pista do km 118, da BR-356 se rompesse há cerca de 500 metros da localidade. O Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) fez um desvio de 250 metros para permitir o tráfego de veículos.
Uma semana depois, no dia 12 de janeiro, a Prefeita Rosinha Garotinho decretou Situação de Emergência em Três Vendas. O decreto 04/2012 foi publicado no Diário Oficial do município. Nele a chefe do Executivo levou em consideração a preservação do bem-estar da população, bem como das atividades socioeconômicas nas regiões atingidas por eventos adversos, causadores de desastres, para, em regime de cooperação, combater e minimizar os efeitos das situações de anormalidade.
INFILTRAÇÃO
De acordo o subsecretário de Defesa Civil, Major Edson Pessanha, existe uma infiltração embaixo da BR-356, na frente da localidade. O problema seria causado por formigueiros.
“A água passa por este local por causa do formigueiro, que existe em vários pontos da pista. É preciso fazer um reforço do lado do Rio Muriaé, que passa a 50 metros da localidade, e funciona como uma espécie de dique. Quando o Dnit fez a obra de recuperação do ponto rompido e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) fazia o reforço dos diques Boianga 1 e 2, nós da Defesa Civil documentamos que deveriam ser feitas obras nessa infiltração, mas não obtivemos resposta. Eles alegaram que a verba que veio seria para fazer a obra onde houve o rompimento e não para fazer nenhum reforço”, disse.
Pessanha explicou ainda que, em 2007, a BR também se rompeu depois de Furnas e duas pessoas morreram. “No local também havia um formigueiro e nós tememos que isso aconteça em Três Vendas. Retirar os moradores não seria a total solução para o problema, porque também é preciso pensar na vida de quem trafega pela BR”, explicou.
Existem outros pontos da rodovia que também são considerados críticos pelo órgão, já que estes ficam alagados quando o nível do Rio Muriaé sobe.
“Se a BR não se romper em frente a Três Vendas, ela vai ficar intransitável no Fundão, depois de Sapucaia e em um trecho após Outeiro. O ideal nestes pontos seriam obras para elevar a pista”, informou.
Por causa da proximidade do final do ano e com o período de chuvas, segundo a Defesa Civil, não existe mais tempo para obras de recuperação.
“A verba destinada para as obras nos locais atingidos foi do Ministério de Integração Nacional. O valor foi encaminhado para o Estado aplicar nos municípios atingidos, mas não consultaram a Defesa Civil para saber quais são os pontos vulneráveis. O Dnit foi avisado dessa fragilidade e não tem como fazer obras no período de chuva e enchente porque a terra fica muito molhada. Nós vamos voltar a Três Vendas para ver como está a situação e vamos reinterar mais ofícios para os órgãos responsáveis avisando o problema”, finalizou.
MORADORES PREOCUPADOS
O estudante Jefferson de Freitas está preocupado com o período de chuvas. Na lanchonete onde ele trabalhava o nível da água passou de um metro e dez.
“Foi uma coisa que ninguém esperava. Nos reunimos e conseguimos tirar as coisas da lanchonete porque a água foi subindo devagar. Mas a gente fica muito preocupado porque só tem uma comporta do rio que está fechada, e tem uma parte do asfalto que está rachada. Fizeram uma barreira de pedras e arame, mas a o que nos preocupa é que a água passa em qualquer lugar”, disse.
A cozinheira Emiliana Pereira mora na localidade há mais de dez anos e já passou por duas enchentes. “Em 2007 nós não tínhamos para onde ir e ficamos acampados embaixo de uma lona, na laje da nossa casa. Este ano meu pai construiu três cômodos na parte de cima e na correria conseguimos colocar os móveis lá e aguardamos a água baixar. Demorou muito tempo porque teve que usar uma bomba para retirar toda a água”, comentou.
Segundo a cozinheira, na enchente do início do ano ela perdeu muitos móveis. “A água foi quase na laje, nós conseguimos tirar boa parte dos móveis. Mas o conjunto de quarto era muito pesado. Colocamos em cima de uma mesa de granito, mas a água atingiu e tombou o guarda-roupa. A geladeira também nós perdemos. Ela estava em cima da mesa, molhou e depois não ligou mais”, ressaltou.
RESPOSTA DNIT E INEA
O Dnit informou por meio de nota que todos os trechos com obras emergências na BR-356 foram concluídas, com exceção do KM 150, na Campos/São João da Barra. Mas segundo o departamento, este problema será resolvido em breve.
Já o Inea respondeu que foram concluídas há um mês as obras de recuperação do dique com recursos federais.
fonte:Ururau.com
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