sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Aquecimento global encolheu cavalos, revela pesquisa nos EUA


Chamado Sifrhippus, o pequeno cavalo pré-histórico evoluiu na janela aberta pela extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos, época de grande diversificação das espécies de mamíferos terrestres.










Rio de Janeiro -  Quando o primeiro ancestral conhecido dos cavalos surgiu, há cerca de 60 milhões de anos, ele dificilmente seria confundido com seus irmãos modernos. Do tamanho de um pequeno cachorro, ele estava destinado a encolher ainda mais antes de atingir o porte das espécies atuais, mostra pesquisa que pela primeira vez relacionou diretamente a influência das mudanças climáticas na massa corporal de um mamífero antigo.
Chamado Sifrhippus, o pequeno cavalo pré-histórico evoluiu na janela aberta pela extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos, época de grande diversificação das espécies de mamíferos terrestres. A princípio, os exemplares adultos do Sifrhippus pesavam aproximadamente 6 quilos, até que, 55 milhões de anos atrás, teve início um período conhecido como máximo térmico do Paleoceno-Eoceno (PETM, na sigla em inglês) que durou 175 mil anos.
Então, a temperatura média da Terra subiu gradualmente mais de cinco graus Celsius ao longo de 130 mil anos antes de começar a esfriar novamente nos 45 mil anos seguintes. Em resposta a um princípio biológico conhecido como Regra de Bergmann, que diz que o porte dos animais endotérmicos, como os mamíferos, tende a diminuir em climas mais quentes e a aumentar em tempos mais frios, o ancestral dos cavalos perdeu 30% de seu tamanho na fase inicial de aquecimento do planeta no PETM, para depois ganhar mais de 75% na época de resfriamento, verificaram os pesquisadores.
— Os cavalos começaram bem pequenos, do tamanho aproximado de um pequeno cão —conta Jonathan Bloch, do Museu de História Natural da Flórida e coautor do estudo, publicado na edição desta semana da revista “Science”. — O que é surpreendente é que depois de aparecerem pela primeira vez, eles ficaram ainda menores para depois crescerem dramaticamente em tamanho de uma forma que corresponde exatamente a um evento de aquecimento global seguido por um resfriamento planetário. Sabíamos que os mamíferos eram muito pequenos naquela época e que ela era quente, mas ainda não entendíamos especificamente que a temperatura estava guiando a evolução de sua massa corporal.
Segundo os pesquisadores, a observação da reação do Sifrhippus às mudanças climáticas de seu tempo traz grandes dúvidas sobre como os mamíferos modernos responderão ao aquecimento global de hoje, que está ocorrendo muito mais rapidamente. Pelas previsões atuais, a temperatura média da Terra pode aumentar em até quatro graus Celsius em apenas um século, contra os milhares de anos que levou para atingir patamar semelhante no PETM.
— Estimamos que cerca de um terço dos mamíferos diminuirão de tamanho e alguns ficarão muito pequenos, com até a metade de sua massa corporal original — diz Ross Secord, da Universidade de Nebraska e principal autor do artigo na “Science”. — Como o aquecimento aconteceu muito mais lentamente durante o PETM, os mamíferos tiveram mais tempo para ajustar o tamanho de seus corpos. Assim, não está claro se veremos a mesma coisa acontecer no futuro próximo, mas é bem possível. Há uma enorme diferença de escala entre os dois aquecimentos que levanta questões como “conseguirão os animais acompanhar o ritmo das mudanças climáticas e reajustar o tamanho de seus corpos ao longo dos próximos dois séculos?”

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