Tribunal de Contas vai enviar oito auditores para levantar irregularidades.
Mutirão vai entrar em ação assim que cidade tiver um interventor
Amanda MonteiroDo G1 ES

irregularidades (Foto: Amanda Monteiro/ G1 ES)
Assim que Presidente Kennedy, cidade no Espírito Santo que está sem prefeito há seis dias, definir o nome de um interventor, o Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES) vai enviar uma equipe multidisciplinar, composta por oito auditores, entre contadores, economistas, advogados e engenheiros, para uma auditoria especial que vai checar obras, licitações e exigir documentos da administração pública. Segundo a assessoria do TCES, o objetivo do mutirão é passar um "pente fino" e levantar todas as irregularidades, além das que já são conhecidas.
Segundo o conselheiro do Tribunal de Contas do Espírito Santo e relator das contas do município de Presidente Kennedy, José Antônio Pimentel, o Tribunal já tinha recebido denúncia de irregularidade em contratos da prefeitura, referentes ao período de 2009 e 2010. Esses contratos, segundo Pimentel, estão incluídos nos investigados pela Polícia federal, que resultou na prisão do prefeito de Presidente Kennedy, Reginaldo dos Santos Quinta, na manhã da última quinta-feira (19) pela suspeita de fraudes em licitações e desviar cerca de R$ 50 milhões dos cofres públicos. Outras 27 pessoas também foram presas na operação, batizada de "Lee Oswald" (nome do assassino do ex-presidente norte-americano John Kennedy), que cumpriu 79 mandados judiciais, sendo 51 de busca e apreensão, além de 13 mandados de prisões preventivas e 15 de prisões temporárias.
Cinco contratos, de jardinagem, construção de casas populares, coleta de lixo, consultoria profissional e materiais hidráulicos, estavam sendo analisados pelo Tribunal de Contas, com indícios de superfaturamento e outros vícios em licitação, segundo o relator, e 23 pessoas foram notificadas, incluindo o prefeito. O contrato de jardinagem é anual, no valor de R$ 4,6 milhões. O de coleta de lixo, também anual, no valor de R$ 4,3 milhões. O de construção de casas populares, também anual, R$ 2,7 milhões. E o de consultoria profissional, também anual, R$ 1,8 milhões.
"O Tribunal só analisa as contas quando fecha o ano. E tem um calendário de auditoria. Estávamos a par de tudo, tanto que fizemos uma auditoria extraordinária no dia 22 de julho de 2010. Mas não temos os mesmos mecanismos da Polícia Federal, que tem poder de escuta, e do Ministério Público, que tem poder de indiciar", afirma Pimentel.
Ele explica que, quando o Tribunal de Contas detecta possíveis irregularidades, precisa dar a oportunidade de o investigado fazer a defesa. "Essas defesas tem que ser dadas no prazo de 30 a 60 dias. O contrato de jardinagem, por exemplo, que foi o primeiro a ser analisado, tem prazo para defesa até o final de maio. Mas agora, para os demais contratos, vamos realizar uma força-tarefa tão logo a polícia disponibilize os documentos e a cidade tenha um interventor", afirmou.
Como a cidade está sem prefeito, o tribunal precisa esperar o interventor assumir para decidir sobre o andamento e interrupção dos contratos. "Um serviço essencial como a coleta de lixo, por exemplo, não pode ser simplesmente interrompido. Mas se há fraude, o responsável precisa responder. O interventor, que será gestor das contas futuras, vai ter que chegar a um acordo até a nova licitação", explica.
Em relação aos outros 15 municípios que também serão investigados, o relator afirmou que o presidente do Tribunal de Contas determinou que a área técnica olhasse os contratos.
Quanto ao apelo da população em favor do prefeito, que protesta dizendo que ele foi enganado, o relator do Tribunal de Contas afirma não é papel do Tribunal saber se ele é ou não inocente, mas que, como gestor, ele é responsável pelos gastos. "O prefeito é o gestor. Ele assina tudo, ele escolhe seus secretários e pode até dividir a responsabilidade, mas não está isento", afirma.
Prisões
A justiça prorrogou por mais cinco dias, nesta segunda-feira (23), a prisão temporária de 13 pessoas envolvidas no escândalo de corrupção em Presidente Kennedy. Além disso, foram soltos três empresários que estão colaborando na investigação. Segundo o MP-ES, o prefeito Reginaldo Quinta e outras 12 pessoas vão continuar detidas até a conclusão do inquérito.
Envolvidos
A quadrilha tinha a participação da sobrinha do prefeito, que acumulava a chefia de três secretarias municipais, além do procurador geral do município, integrantes da comissão de licitação, empresários e dois policiais militares, sendo um deles o Comandante da Guarda Municipal. Um membro da executiva estadual do partido político do prefeito também participava do esquema criminoso.
Segundo a Polícia Federal, os envolvidos poderão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, advocacia administrativa, prevaricação, peculato, falsidade ideológica, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, além de crimes específicos previsto na Lei de Licitações (lei 8.666/93).
Fonte:Blog Kennedense com informações- g1
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