sábado, 3 de novembro de 2012


Ciberbullying: no trabalho, vítimas sofrem mais e são mais indefesas


O bullying virtual – que inclui abusos por e-mail, texto ou postagens em redes sociais – no ambiente de trabalho tem um efeito mais forte sobre as vítimas do que o assédio convencional por colegas, indica estudo da Universidade de Sheffield, realizada por pesquisadores de psicologia ocupacional. A mesma pesquisa mostra que, além de serem mais afetados pelo assédio na internet, os empregados geralmente são menos socorridos, uma vez que as testemunhas de casos de ciberbullying tendem menos a agir em favor dos colegas.
“Em geral, aqueles que são vítimas de ciberbullying tendem a ter maior tensão mental e satisfação menor no trabalho”, diz Iain Coyne, da Universidade de Nottingham, parceira na pesquisa.
Segundo o pesquisador, em um dos estudos realizados o efeito do ciberbullying se mostrou mais devastador do que o bullying convencional. Além disso, descobriu-se que o impacto de presenciar o bullying virtual foi diferente do visto no convencional.
“Na literatura convencional, as pessoas que testemunham situações de assédio também apresentam evidências de redução do bem-estar. No entanto, na nossa pesquisa, isso não aparece no caso do ambiente virtual. As testemunhas (do ciberbullying) são bem menos afetadas”, declarou Coyne.
Para Coyne, uma das razões para tal reação pelas testemunhas pode estar no que ele chama de “natureza remota do ciberespaço”, que levaria as pessoas a dar menos ênfase ao sofrimento da vítima. “Isso pode afetar a reação da testemunha ao bullying e potencialmente determinar se ele vai tomar alguma atitude, como reportar ou interferir”, completa o pesquisador.
Dado: 80% já sofreram assédio na rede
No estudo, que será apresentado ainda este ano, os pesquisadores devem dar sugestões de como os empregadores podem lidar com o bullying virtual em suas equipes, especialmente do ponto da vista da prevenção.
O estudo incluiu três pesquisas separadas entre empregados de várias universidades do Reino Unido. As perguntas para os entrevistados tratavam sobre suas experiências com o ciberbullying no ambiente de trabalho. “Nós demos uma lista do que poderia ser classificado como bullying, como ser humilhado, ignorado ou alvo de fofoca, e perguntamos se eles enfrentam esse tipo de assédio online e com que frequência”, explica o Dr Coyne.
Dos 320 entrevistados, cerca de oito em cada 10 experimentaram uma das ações de ciberbullying descritas pelo questionário pelo uma vez nos últimos seis meses. Os resultados também mostraram que entre 14% e 20% dos participantes experimentam esse tipo de assédio em base semanal – frequência similar à do bullying convencional.
Fenômeno encarado como novo por pesquisadores, o ciberbulling tem, até o momento, sido associado ao comportamento de jovens, com estudos e casos mais chamativos também focados em crianças e adolescentes, e no ambiente escolar.
Um dos casos recentes mais emblemáticos do bullying é o da adolescente Amanda Todd, 15 anos, que se matou por enforcamento depois que imagens nas quais ela aparece mostrando os seios começaram a circular pelo Facebook e em outros sites. Mesmo depois de ter mudado de cidade e de escola, o assédio não parou. Seu perfil no Facebook virou um memorial que atraiu 750 mil curtidas dias após sua morte. A mobilização para descobrir o culpado envolveu até o grupo hacker Anonymous.
Outros países também relatam casos de violência iniciada na internet. Em setembro, por exemplo, um juiz britânico chamou o Facebook de “combustível da violência” ao sentenciar um garoto que tinha agredido outro depois de uma discussão na rede social.
Com informações do Terra

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