Rio -  O corpo do jovem Jefferson da Paz Costa, de 22 anos, foi sepultado na tarde de terça-feira no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte. Ele morreu de madrugada,segundo a família do rapaz, ao ser confundido por policiais do 22º BPM (Maré), com bandido. O jovem teria sido executado com um tiro de fuzil no peito na Rua André Pinto, a menos de 100 metros de sua casa. Cerca de 150 pessoas, em clima de indignação, participaram do cortejo.
"Um tiro covarde estraçalhou meu filho e acabou com a vida de uma família inteira", desabafou a copeira Sebastiana Eloísa da Paz Costa, de 52 anos. Ela disse que PMs teriam tentado se livrar do corpo, atirando-o em um valão. De acordo com familiares e amigos, uma vizinha ouviu o rapaz pedir clemência ao assassino. "Por favor, não me mata, não sou bandido. Moro aqui na rua de trás (Rua Pereira Landim), sou trabalhador", teria suplicado Jefferson. Conforme a vizinha, o policial que o perseguiu gritou: "Nessa hora, todo mundo é trabalhador", dispatando o tiro contra o rapaz.
Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Sebastiana Eloísa da Paz Costa, de 52 anos, mostra foto do filho | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Em nota, a PM informou que o corpo de Jefferson foi encontrado em um valão na Rua André Pinto, em Ramos, na madrugada de terça-feira. Segundo o comando do 22º BPM (Maré), Jefferson e um adolescente de 17 anos teriam tentado roubar a moto de um agente penitenciário que passava pela via. O agente reagiu a tentativa de assalto e Jefferson foi baleado.
Quando a PM foi acionada, ainda conforme a nota, o corpo de Jefferson estava boiando em um valão que corta a via. A PM acionou o Corpo de Bombeiros e a Divisão de Homicídios (DH), que realizou a perícia no local. Enquanto a PM preservava o local do crime para a chegada da Polícia Civil, o adolescente que supostamente estaria com Jefferson, de 17 anos, e havia se escondido em uma das tubulações que dão acesso ao valão, se entregou. Um revólver calibre 32 que estava próximo ao corpo de Jefferson foi apreendido e um Sandero que consta como roubado, também foi recuperado.
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Copeira se desespera com a morte do filho | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
No cemitério, desesperados, parentes e conhecidos do jovem, que iria começa um curso de Engneharia da Computação, após ter feito prova no Enem, contestaram a versão da polícia. Um dos três amigos que estavam com Jefferson, disseram desconhecer o adolescente detido. "É mentira! Meu filho não é bandido. Ele só estava passando na hora de um tiroteio e não conseguiu correr com os colegas porque era um pouco mais pesado. A rua (Pereira Landim) está de luto", disse o pai da vítima. “É verdade. Ele era um menino bom, caseiro, que nunca se meteu em confusão”, completou Maria Eduarda Pereira, 53, amiga da família.
Nota da Polícia Civil diz que, “de acordo com informações da Divisão de Homicídios da Capital (DH), um agente penitenciário sofreu uma tentativa de assalto e reagiu disparando contra os criminosos. Na ação Jefferson foi baleado e morreu”. “As circunstâncias do crime estão sendo investigadas e a família da vítima está sendo chamada para prestar depoimento”, diz um trecho da nota.
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