Dilma cai, Marina continua em segundo e Aécio cresce
Por Josias de Souza
Dilma Rousseff já dispõe de rival para a sucessão presidencial de 2014. Chama-se Dilma Rousseff. O Datafolha informa que, pela primeira vez desde a posse, caiu a popularidade da presidente Dilma. Em consequência, caiu também a taxa de intenção de votos da candidata Dilma. Deve-se a dupla erosão exclusivamente aos desacertos de Dilma. O autoflagelo é mais intenso na área econômica.
De acordo com a pesquisa, 57% dos brasileiros avaliam o governo Dilma como ótimo ou bom. Há dois meses, a taxa era de 65%. Sumiram 8 pontos percentuais. O prestígio da presidente decresce na proporção direta do aumento do pessimismo da população. A maioria absoluta dos entrevistados, 51%, acha que a inflação vai subir. Em março, os pessimistas com a carestia somavam 45%.
A despeito de ter perdido prestígio em todas as regiões, em todas as faixas de renda e de idade, Dilma ainda beliscou 51% das intenções de voto. É bastante. Mas há dois meses era muito mais: 58%. Desceram pelo ralo sete valiosos pontos percentuais.
Na segunda colocação, aparece Marina Silva (Rede). Ela reteve os 16% que amealhara na sondagem anterior. Aécio Neves (PSDB) subiu de 10% para 14%. E Eduardo Campos (PSB) não saiu do lugar. Manteve-se na casa dos 6%. O crescimento de 4 pontos atribuído a Aécio dá ideia do mal que Dilma vem fazendo a si mesma.
Desde o Datafolha anterior, o PSDB não mudou tanto assim. O maior partido da oposição continua atrás de unidade e de um discurso com começo meio e fim. De novidade, apenas dois detalhes: Aécio foi alçado à presidência da legenda e ocupou praticamente sozinho a propaganda partidária que acaba de ser levada ao ar.
O discurso de Aécio no rádio e na tevê foi 100% feito da matéria prima fornecida por Dilma: descontrole inflacionário, falta de investimentos em infraestrutura e ausência de perspectivas para a clientela do Bolsa Família. Dito de outro modo: a oposição questionou Dilma naquilo que ela julga ter de melhor: a capacidade gerencial. E a popularidade de Aécio soluça para o alto.
Com seus 51%, Dilma prevaleceria no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Ou seja: ela continua sendo a favorita. Tem muita gordura para queimar, como se diz. O diabo é que, sem adversários que a ameacem, Dilma frita a si mesma no óleo que escapa da sua gestão. Para sorte do petismo, faltam 17 meses para a eleição. É tempo suficiente para que Dilma salte da frigideira. Ou não.
Os dados econômicos não ajudam. Lula entregou em oito anos um crescimento médio de 4%. Nos dois mandatos de FHC, o PIB cresceu bem menos: média de 2,3%. Sob Dilma, anotou-se, por ora, um pibinho médio de 1,8%. Essa taxa deve melhorar. Mas não há indícios de que o governo vá se livrar da mediocridade econômica.
As mágicas adotadas sob Dilma não surtiram os efeitos desejados: corte seletivo de tributos, intromissão na política de preços da Petrobras, mandracarias elétricas, privatizações envergonhadas, frouxidão fiscal e investimentos precários. No momento, para que a inflação recue, os juros avançam. Tudo isso compõem um cenário que não chega a animar o investidor privado.
Vendida na propaganda eleitoral de 2010 como uma supergerente, Dilma tomou posse com o trombone da eficiência grudado nos lábios. Começa a passar a sensação de que lhe falta o sopro. O que salva Dilma é a falta de clareza da oposição. Mas convém não facilitar. Ou Dilma toma fôlego ou a plateia acaba desejando uma ex-Dilma.
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