Enfermeira injetou silicone de avião para fins estéticos
Ela admitiu ter aplicado mistura de uso médico para aumentar nádegas em mulheres que ficaram com lesões graves. Três estão hospitalizadas e não têm previsão de alta
POR CHRISTINA NASCIMENTO
Foto: Arte O Dia
À polícia, a enfermeira afirmou que usou Metacrill. Ela foi presa às 13h de sexta-feira e, antes da meia-noite, estava livre, pois a Justiça considerou que ela tem emprego fixo e não representa risco à ordem pública. As aplicações, que, segundo Fernanda, custam R$ 200, aconteciam na casa das clientes e numa clínica na Rua Catiri, em Bangu.
“Ela, como enfermeira, não poderia aplicar nada. E, pelo valor que cobrava, é bem possível que usasse silicone industrial. Um aplicação com profissional custa entre R$ 8 mil e R$ 10 mil”, explica Simões.
O silicone líquido também é usado em obras e para lubrificar máquinas. Uma terceira vítima foi localizada. Todas estão hospitalizadas há mais de 15 dias e sem previsão de alta — duas, em estado grave. O último caso registrado na 64ª DP ( Meriti) foi o de dona de casa que gastou R$ 2 mil em quatro sessões. No hospital para a retirada do material injetado, ela sofreu parada cardiorrespiratória.
Participação de médicos no esquema é investigada
Uma das receitas passada pela enfermeira para amenizar as crises de dor da comerciante internada está em papel timbrado da Prefeitura de São João de Meriti e tem carimbo, CRM e a assinatura de um médico militar, que é funcionário da Secretaria de Saúde de lá. A Prefeitura de Meriti já informou que abriu procedimento interno para investigar o assunto.
“Quero saber se esses receituários foram roubados ou se tem conivência de médicos”, disse o delegado da 64ª DP (São João de Meriti), Alexandre Ziehe. O advogado de Fernanda, Anderson Fernandes, disse que sua cliente fez a compra do produto aplicado na Internet.
Comissão de ética
O Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ) informou, ontem, que Fernanda Ouverney Valente será ouvida pela Comissão de Ética, para apurar as denúncias contra ela. O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, José Orácio Aboudib, alertou sobre o fato de que qualquer procedimento invasivo deve ser feito por um médico.
Ele disse ainda que é contrário ao uso de polimetilmetacrilato para uso estético devido à quantidade de problemas relatados por pacientes e colegas de profissão. As instruções de uso do implante injetável polimetilmetacrilato divulgadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostram que o produto deve ser usado em pequenos procedimentos e também atestam que a aplicação deve ser realizada por médicos.
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