Perigo sobre duas rodas: Polícia e setor médico alertam sobre as motos
Mauro de Souza
Só num final de semana, Ferreira Machado atendeu 50 acidentados
O perigo que habita sobre duas rodas tem deixado em estado de alerta não só a população, como os setores de segurança e saúde no município. Segundo a assessoria do Hospital Ferreira Machado (HFM), somente no último final de semana foram notificados 50 atendimentos causados por acidentes com motocicletas, sendo que a média normal é de 10 atendimentos diários.
Para diminuir a perspectiva de aumento do número não só de acidentes, mas também de criminalidade, o 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM) tem realizado frequentes operações de trânsito em pontos distintos da cidade.
Segundo o Major Sérgio Moura, coordenador de operações da PM, o objetivo é intensificar a retenção de veículos irregulares e elementos com material ilícito, como drogas e armas, principalmente em motocicletas, meio mais utilizado em ações criminosas.
Somente neste ano, cerca de 1.232 motocicletas foram apreendidas sendo os principais motivos a falta de habilitação e documentação atrasada. Também estão incluídas as más condições do veículo, como farol queimado, pneu careca, além do não uso do capacete.
“A intensificação da fiscalização no trânsito, além da análise criminal para o direcionamento dessas fiscalizações em pontos estratégicos, onde ocorre maior índice de criminalidade, tem refletido nos resultados. Ao todo foram 130 operações específicas de trânsito, além do patrulhamento de rotina, um aumento de 2% comparado ao ano passado. O trabalho em conjunto com a Polícia Civil tem sido outro diferencial.” Revelou o major.
Os números também são alarmantes no setor de saúde. De acordo com o Diretor do Hospital Ferreira Machado (HFM), Dr. Ricardo Madeira nos últimos 12 meses foi possível perceber um aumento considerável de 20%, no número de atendimentos por acidentes com motocicletas, um comparativo feito em relação à média histórica dos últimos três anos. Isso significa que a média normal de 10 atendimentos diários aumentou para 12.
“Se as estatísticas irão repercutir ao longo do mês, ainda é imprevisível. De qualquer forma o índice de mortalidade por motocicletas, que é de 10%, não foi alterado. O que se percebe é que quase a totalidade de atendimentos é devido à imprudência dos condutores: alta velocidade, falta do uso do capacete, de habilitação, entre outras irregularidades no trânsito. A outra parcela são provocados por fatores externos, como a mudança climática para o tempo chuvoso. Isso é lamentável, porque se trata em maioria de jovens, uma população economicamente ativa, entre seus 16 a 30 anos”, disse o Diretor.
Para o chefe do setor de traumato ortopedia do HFM, Dr. Marcos Gonçalves, os acidentes com motos já passaram a ser um problema de saúde pública. Ele ressaltou que na maioria dos casos a vítima sofre lesões graves que quando não o acomete a cuidados médicos e medicamentos por um longo período, limita movimentos ou mesmo invalida o paciente, que na maioria das vezes está em idade altamente produtiva e passa a viver de benefícios do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e do Sistema Único de Saúde (SUS).
O técnico de informática Maicon Soares de Jesus Araújo, de 31 anos até hoje carrega seqüelas de um acidente ocorrido em 2006.
“Passava pela Rua do Leão com Arthur Bernardes, era uma via dupla quando um ciclista entrou na contramão e colidiu na lateral dele. Bati três vezes com a cabeça no asfalto, a minha sorte foi o uso do capacete. Porém tive o tendão da mão esquerda atrofiado, perdi parte dos meus movimentos. Na época fiquei três meses no HFM e quase tive que fazer uma cirurgia para colocar dois tendões de silicones para abrir passagem e substituir o verdadeiro, mas como ainda assim não riria recuperar os movimentos optei por não fazer.” Contou o motociclista.
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