domingo, 27 de janeiro de 2013

Novo levantamento de vítimas aponta 231 mortos em boate em Santa Maria

Segundo autoridades locais, o incêndio teria começado durante um show pirotécnico


Patricio Nunes/Reprodução
Ao menos 180 pessoas morreram após incêndio em boate 

O Exército reviu o número de mortos no incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), a 307 km de Porto Alegre, ocorrido na madrugada deste domingo (27). Segundo o comandante do Batalhão de Operações Especiais, Major Cleberson Bastianello, número de mortos no incêndio da boate Kiss chega a 231. Outras 117 pessoas estão hospitalizadas. A lista oficial só será divulgada após o reconhecimento dos familiares.

A informação anterior era de 245 mortos e 48 feridos. 
Este é o segundo maior incêndio do Brasil. A maior tragédia brasileira foi registrada em 1961, quando 503 pessoas morreram em um incêndio no Grande Circo Brasileiro, em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro.
O Comandante do Batalhão de Operações Especiais, Major Cleberson Bastianello, disse que 90% das vítimas morreram intoxicadas pela fumaça. Segundo ele, muitos conseguiram sair da boate, mas algumas pessoas ficaram presas.
Equipes de saúde da cidade estão no Centro Desportivo Municipal (Farrezão) ajudando a realizar a primeira identificação das vítimas. Segundo Bastianello, a identificação final será feita por um parente da família.
Na porta do Centro Desportivo Municipal já consta uma lista para que as famílias possam localizar as vítimas. Os familiares entrarão de forma ordenada para realizar o reconhecimento. 

Incêndio
Segundo o coordenador da Defesa Civil, Adelar Vargas, o fogo teria começado na espuma de isolamento acústico, no teto. Um dos integrantes da banda, que se apresentava no local, teria acendido um sinalizador, que atingiu o teto e o fogo se espalhou rapidamente, de acordo com Vargas.
De acordo com o tenente-coronel Moisés da Silva Fuchs, o transporte dos corpos é realizado por um caminhão da Brigada Militar, devido ao elevado número de de mortos. Eles são levados ao Centro Desportivo Municipal (Farrezão), porque o IML (Instituto Médico Legal) não tem capacidade para abrigá-los.
A auxiliar de escritório, Michele Pereira, 34, que estava em frente ao palco no momento em que começou o incêndio, confirma que um dos integrantes da banda acendeu um sinalizador no palco.
"A banda que estava no palco começou a usar sinalizadores e, de repente, pararam o show e apontaram [o sinalizador] para cima. Aí o teto começou a pegar fogo, estava bem fraquinho, mas em questão de segundos começou a se alastrar", disse Pereira.
No local, havia apenas uma saída de emergência. Os bombeiros tiveram que abrir um buraco na parede da boate para facilitar o acesso e a retirada das pessoas do local.
A boate tem capacidade para cerca de 2.000 pessoas, e fica na rua dos Andradas, na altura do número 1.925. Os feridos foram levados aos hospitais Universitário, da Guarnição de Santa Maria, de Caridade, da Casa de Saúde, do São Francisco e UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) na própria região. O Corpo de Bombeiro pede que os parentes das vítimas busquem informações diretamente nos hospitais. 

O assessor do Hospital Caridade, que fica na região central da cidade, Claudemir Pereira, disse que pelo menos 30 pessoas estão no hospital com ferimentos leves a graves. Os corpos foram levados para o Centro Desportivo Municipal (Farrezão), porque o IML (Instituto Médico Legal) não tem capacidade para abrigá-los.
Segundo informação preliminar da prefeitura, há registro de quatro mortes na UPA e outras quatro no Hospital da Guarnição de Santa Maria. A prefeitura está recrutando voluntários para ajudar no atendimento aos feridos, principalmente, enfermeiros e de médicos.
O fogo foi controlado por volta das 5h30, mas por volta das 7h os bombeiros ainda permaneciam no local fazendo o trabalho de rescaldo. O prédio ficou destruído e corre risco de desabamento, de acordo com os bombeiros. 

Seguranças impedem a saída

Durante o incêndio, os seguranças teriam impedido que as pessoas saíssem da boate sem pagar, segundo  relatos de testemunhas que conseguiram sair com vida do local. Sobreviventes disseram, também, que os extintores de incêndio não funcionaram durante a tentativa de conter as chamas.

O resgate de corpos foi encerrado por volta das 12h30. As autoridades informam que 231 pessoas morreram. O incêndio começou por volta das 2h deste domingo. No momento em que começou o fogo, se apresentava no palco a banda Gurizada Fandangueira. 
Reprodução
O incêndio teria começado durante show da banda Gurizada Fandangueira; integrantes na foto acima
O primeiro atendimento às vítimas foi dado no estacionamento de um supermercado ao lado da boate Kiss, que fica no centro da cidade.

A delegada Luiza Sousa, da 2a Delegacia de Policia Civil, informou que um dos fatores para o agravamento da tragédia é que havia um grande número de carros estacionados na porta do estabelecimento, o que impediu a saída das pessoas. Ela disse, porém, que os carros não estavam irregulares e que era permitido o estacionamento no local.

O major Ilvair Vianna, diretor do Hospital da Brigada Militar Federal de Santa Maria (UFSM). 
ReproduçãoReprodução
Frente da boate após o acidentePista de dança da boate Kiss
Segunda maior tragédia do País

O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), que deixou pelo menos 245 mortos na madrugada deste domingo (27),  foi o segundo incêndio mais mortal e a quinta maior tragédia da história do Brasil. 
O maior incêndio brasileiro aconteceu no Gran Circo Americano, em 17 de dezembro de 1961, que deixou 503 mortos em Niterói (RJ). A tragédia foi provocada por um trapezista que disparou chamas contra a lona do circo, que pegou fogo.
Outras milhares de pessoas ficaram feridas por queimaduras de segundo e terceiro graus ou pisoteadas na correria após o incidente. A maioria das vítimas foram crianças.
O número de vítimas até o momento já é maior que o incêndio no edifício Joelma, em 1974, que deixou 188 mortos e foi o maior incêndio do Estado de São Paulo e agora o terceiro maior do Brasil. 

Tragédias

A tragédia em Santa Maria foi a quinta maior do Brasil, se considerados também os acidentes aéreos e os desastres naturais. O maior número de mortos em apenas um único fato no Brasil foi em janeiro de 2011, quando mais de 900 pessoas morreram em chuvas na Região Serrana do Rio.
Tempestades também foram a causa do segundo, do terceiro e do quarto maiores desastres brasileiros. Mais de 500 pessoas morreram na região metropolitana do Rio, no fim de 1966 e no início de 1967, e 465 foram vítimas de uma série de chuvas em Caraguatatuba (litoral norte de SP), em março do mesmo ano.
Há dois anos, 256 pessoas morreram após as chuvas de 6 de abril no Rio e em Niterói, em especial no deslizamento do morro do Bumba, um antigo lixão na zona norte niteroiense. 
O incêndio na boate Kiss ainda supera os três maiores desastres aéreos brasileiros - o acidente com o voo 447 da Air France em 2009 (228 mortos), o voo JJ3054 da TAM em Congonhas (199) e a colisão do voo 1907 da Gol em Mato Grosso (154).

Rodada do campeonato é cancelada

A rodada do campeonato gaúcho deste domingo (27) foi cancelada devido à tragédia em Santa Maria. O cancelamento dos jogos é uma forma de expressar luto às vítimas. 

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