Mensalão já condenou 8 réus. Pena será na Cadeia…
Na quarta-feira (12), véspera da sessão em que foi concluída a análise do
capítulo da lavagem de dinheiro do processo do mensalão, um ministro do STF
recebeu um velho amigo para o almoço. O interlocutor quis saber como terminaria
o julgamento. “Vai terminar na cadeia”, disse o magistrado. “Regime fechado”,
acrescentou.
O ministro soou peremptório ao discorrer sobre a situação dos ex-gestores do
Banco Rural, de Marcos Valério e dos ex-sócios Cristiano Paz e Ramon Hollerback.
Afirmou que a soma das penas os levará ao cárcere. Estimou que o castigo da
reclusão alcancará também réus do núcleo político do escândalo.
O vaticínio despejado sobre a mesa do almoço ganhou ares de realidade na
sessão desta quinta (13). O Supremo condenou por lavagem de dinheiro oito dos
dez réus acusados de participar da trama que higienizou dinheiro sujo. Foram
absolvidas apenas Ayanna Tenório, do Rural, e Geiza Dias, da SMP&B de
Valério.
Enfileiraram-se no rol dos culpados: Valério, Cristiano, Ramon, Simone
Vasconcelos (ex-diretora da SMP&B) e Rogério Tolentino (advogado e ex-sócio
de Valério), todos do núcleo publicitário; Kátia Rabello, José roberto Salgado e
Vinícius Samarane, do núcleo financeiro do Rural.
Excetuando-se Simone e Tolentino, que arrostaram suas primeiras condenações,
os demais já haviam sido condenados nos capítulos anteriores. A turma da
publicidade por corrupção ativa e peculato –duas imputações cada. O grupo do
banco por gestão fraudulenta de instituição financeira.
Durante o repasto de quarta-feira, o ministro serviu ao amigo comentários
irônicos sobre a principal grife da banca de advogados do mensalão. Disse que
Márcio Thomaz Bastos, responsável pela indicação de boa parte dos ministros
guindados ao STF sob Lula, “deve estar desarvorado”.
Lembrou que a cliente de Thomaz Bastos, a ex-presidente do Rural Kátia
Rabello, colecionaria condenações unânimes. Recordou que nem mesmo Ricardo
Lewandowski e Dias Toffoli, mais maleáveis que a média dos colegas, se animaram
a absolvê-la da imputação de gestão fraudulenta. Tampouco a livrariam da
lavagem. De fato, não livraram.
No dizer do magistrado, o ex-ministro da Justiça de Lula foi demasiado
“agressivo” em suas manifestações públicas. Avaliou que o doutor “deu
entrevistas demais”. Espicaçou: “Advogado que aparece mais do que os juízes e o
cliente não costuma prestar bons serviços no Supremo.”
De resto, a julgar pelo que foi dito no almoço, o PSDB deve levar as barbas
ao molho. O ministro declarou que o padrão draconiano que o STF vem adotando na
apreciação do mensalão petista será utilizado também no julgamento do processo
do mensalão mineiro do tucanato. A ver.
Josias de Souza
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