segunda-feira, 25 de julho de 2011

 Um retrato histórico da região


Com 20 de anos de existência e localizado a 40 km do centro do município de São Francisco de Itabapoana, o assentamento rural da Fazenda Tipity é mais que uma área de produção agrícola, é um registro histórico do progresso da região antes de seu desmambramento do município de São João da Barra. Há quase sete décadas, a região foi sede de um dos maiores empreendimentos da história da região Norte-Fluminense: a fábrica de farinha Tipity, inaugurada pelo Barão austríaco Ludwing Kummer em janeiro de 1940. Após a morte do Barão, na década de 90, os mil hectares da fazenda foram desmembrados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e distribuídos, inicialmente, para cerca de 70 produtores, que, somados aos colonos que já habitavam a região nos áureos tempos do Barão, somam, atualmente, mil pessoas vivendo e produzindo nos 1000 hectares do local.

Com a pele marcada pelo sol escaldante pela lida na lavoura e o olhar simples de que vive da terra, o agricultor João Gomes da Silva, 75 anos, vive sozinho em sua propriedade. Nascido na região, ele conta que chegou ao local há 50 anos e que poucas pessoas habitavam a região desde o fechamento da fábrica de farinha Tipity. Seu João, como é chamado, conta que perdeu sua esposa há exatos um mês de quatro dias e se orgulha em dizer que nunca deixou trabalhar em sua plantação de mandioca. “Cheguei aqui e não havia nada. Era só mato. Trabalhei a terra sozinho e faço isso com muito esforço um dia após o outro. Eu posso dizer que vivo feliz desse jeito aqui. Se Deus me ajudar, minha próxima safra será a melhor dos últimos anos”, disse o “seu João”, ressaltando que faturou R$ 3 mil na safra de 2009, vendendo sua produção a R$ 0,15 o quilo de mandioca.

Já o agricultor Manoel Ribeiro, 71 anos, explica que também está há mais de 50 anos nas terras da Fazenda Tipity. Sem filhos, ele diz que conta com o auxilio dos companheiros do próprio assentamento para cuidar de suas plantações de banana e aipim. “Aqui não usamos o trabalho das crianças porque é contra a lei, mas muito me preocupa ver que, diferente da minha época de garoto, os filhos não podem trabalhar no roçado com seus pais.

Respeito a lei, mas antes uma criança estudando aqui e trabalhando com seus pais do que indo para cidade grande para experimentar drogas e viver uma vida de sofrimento”, disse Manoel, informando ainda que quase todas as crianças do assentamento freqüentam a escola. 

A união continua sendo a identidade regional

O secretário municipal de Agricultura de São Francisco de Itabapoana, Nival Ornelas, disse a criação do assentamento rural Fazenda Tipity foi talvez tenha sido uma das ações mais justas promovidas pela Reforma Agrária.

— Hoje, todos os trabalhadores possuem sua inscrição estadual de produtor rural, e por isso, estão habilitados a comercializar sua produção dentro da lei. Quando a fábrica fechou, só sobraram os nativos que já trabalhavam aqui e há 20 anos, outros vieram. Eles nasceram, cresceram e estão aqui e esta é a identidade dessa gente — disse o secretário. Já o representante da Empresa Assistência Técnica Extensão Rural (EMATER) na região, João das Posses, explicou que o assentamento é produtivo e que realiza projetos sócio-econômicos e ambientais na região.

— A cooperativa CEDRUS que presta assistência técnica aos agricultores do Assentamento, porém, a EMATER Rio, quando solicitada, também auxilia os agricultores. Tenho uma boa relação com todos de lá e acho que a prefeitura poderia dar uma assistência maior ao pequeno produtor — disse João, informando que quase toda a produção é encaminhada para o Ceasa, no Rio de Janeiro.

fonte:Folha da Manhã Online

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