sábado, 21 de julho de 2012


Presidente de ONG teme que o novo remédio 'Truvada' banalize Aids

































Nesta semana, a Agência Federal de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) aprovou o "Truvada", a primeira pílula que vai ajudar a previnir o vírus do HIV em grupos considerados de risco.
Em maio, foi solicitada a aprovação do medicamento como prevenção para pessoas que não são infectadas com o vírus, depois de testes feitos em laboratório que atestavam a redução de 44% a 73% o risco de HIV.

"O Truvada é para utilizar na profilaxia prévia à exposição em combinação com práticas de sexo seguro para prevenir as infecções do HIV adquiridas por via sexual em adultos de alto risco. O Truvada é o primeiro remédio aprovado com esta indicação", afirmou a FDA.
O medicamento pode ser encontrado nos Estados Unidos desde 2004 como tratamento para pessoas já infectadas com o HIV, indicado em combinação com outros remédios antirretrovirais.


A redação do SRZD entrou em contato com Beto Volpe, presidente do Grupo Hipupiara Integração e Vida, uma ONG em São Vicente, na Baixada Santista (SP) que mantém atividades assistenciais a 200 famílias que vivem ou convivem com o vírus HIV. Perguntado sobre a aprovação da circulação do Truvada, Volpe disse que seria uma estratégia bem vinda mas ressalta que pode ajudar a  banalizar ainda mais a Aids. "Em uma epidemia sob controle, em um país onde as pessoas se preocupam com o dia de amanhã, essa estratégia seria muito bem-vinda. No entanto, estamos com uma epidemia ainda em evolução que se aproveita de sua banalização para se propagar em grupos onde já  estava arrefecendo."


Para Volpe, o surgimento do coquetel nos anos 80 (combinação de medicamentos responsáveis pelo atual tratamento de pacientes HIV positivo), que provocava sérios efeitos colaterais, fez com que as pessoas voltassem a ver o uso dos preservativos como dispensável, com essa nova estratégia que inclui um remédio preventivo a situação tenderia a piorar. "Acho que ele (Truvada) deveria estar disponível para públicos bem específicos, como profissionais de saúde e pessoas convivendo com HIV em relacionamentos estáveis, em caso de acidente". Acrescenta.

Beto Volpe, que também é representante estadual por São Paulo da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV (RNP-BR) finaliza com algumas questões a serem pensadas. "Haverá medicamento para todo mundo? O laboratório tem capacidade de abastecer quem faz o uso regular, e agora também, o público que irá acorrer às unidades de saúde?"


*Com a colaboração de Gabriel Prestes
fonte:SRZD

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