POR ADRIANA CRUZ
São Paulo - Alexandre Nardoni, de 31 anos, e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, de 26 anos, — pai e madrasta —, foram condenados, pouco depois de 0h30 deste sábado, a 31 anos e nove meses e 27 anos e quatro meses de prisão, respectivamente, pelo homicídio triplamente qualificado da menina Isabella Nardoni e fraude processual, no Tribunal de Justiça de São Paulo. Alexandre recebeu a pena mais alta pelo fato de ter praticado um homicídio contra um descendente, considerado um agravante para a Justiça Brasileira. Formado por quatro mulheres e três homens — a maioria jovens e cinco que participaram pela primeira vez — o júri popular ficou reunido na sala secreta mais de duas horas para responder quesitos. Quando foi alcançada a maioria dos votos, o juiz interrompeu a votação. O julgamento durou cinco dias.
Casal, na época da prisão, em 2008
Foto: FolhapressA sentença terminou de ser lida pelo juiz Maurício Fossen às 00h40. O homicídio foi considerado por meio cruel, sem direito à defesa da vítima menor de 14 anos. “Frieza emocional, sensibilidade cruel, investindo de forma covarde como se não possuíssem qualquer vínculo com a vítima”, afirmou Fossen. Durante o veredicto, o casal chorou no plenário.
O juiz determinou ainda que os réus não poderão recorrer da sentença em liberdade. A decisão dos jurados foi comemorada com fogos. Para conter a multidão, a polícia chegou a jogar gás de pimenta em volta do camburão que leva o casal Nardoni para a cadeia. Muitos gritavam ‘Condenados, condenados’ e em seguida passaram a gritar o nome do promotor Francisco Cembranelli, responsável pela acusação.
Após o júri, o promotor afirmou que o casal poderá recorrer da sentença e agradeceu o empenho da polícia paulista no caso. “O resultado mostrou que estava certo. O resultado de hoje me incentiva a continuar no júri. O trabalho da polícia científica foi muito importante, alguns policiais foram bastante injustiçados nos últimos dois anos”, avaliou Cembranelli.
Populares comemoram veredicto do julgamento
Foto: FolhapressPelas contas do criminalista Luiz Flávio Gomes, Alexandre deverá ficar sem sair da cadeia no mínimo 13 anos e Anna Carolina 11 anos. O advogado do casal Roberto Podval disse que o ‘brilho da noite’ foi do promotor Francisco Cembranelli. Durante todo o dia, manifestantes fizeram vigília porta do Fórum. As pessoas que ficaram na calçada gritavam palavras de ordem, como “Justiça!”, e pediam a condenação por unanimidade do casal aos brados de “7 x 0”. Muitos também falavam “Isabella, eu te amo”. Um grupo que se intitula “Movimento Isabella” colocou um telão improvisado, que mostrava fotografias ‘inéditas’ da garota morta.
A mãe de Isabella, que ficou quatro dias fechada em uma sala a pedido da defesa, não pode acompanhar o desfecho do julgamento. Ela soube da decisão por uma mensagem de celular enviada por auxiliar de acusação. "Ela estava muito nervosa. Eu fiquei sabendo que a auxiliar mandou uma mensagem com a sentença para ela", disse o promotor Francisco Cembranelli.
Na varanda de casa, Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, recebeu o resultado do julgamento por mensagem de celular
Foto: Folhapress
Após o veredicto, o promotor Francisco Cembranelli comentou o resultado do julgamento. "O júri não é uma ciência exata, mas tudo foi feito da melhor forma possível. A certeza, certeza do caso ninguém vai ter. O trabalho da polícia científica foi bastante relevante. Temos um resultado bem satisfatório. Acredito que a pena foi justa", disse.
Sobre a declaração de que o advogado de defesa Roberto Podval teria dito que "o brilho da noite ficou para o Dr. Cembranelli", o promotor afirmou:
"Procurei manter serenidade, para manter o alto nível do julgamento. A defesa fez seu papel, mas nada me abalou. O elogio só faz com que eu me sinta lisonjeado, ainda mais vindo de um profissional competente como é o doutor Podval. Serei eternamente grato às pessoas que me apoiaram".
Cembranelli também respondeu sobre a reação do casal Nardoni, após ouvir a sentença. "Eu não vi muita reação deles. Eles acompanharam a leitura. Agora, vão cumprir o que foi proposto e não acredito em mudança nesse caso", explicou.
fonte:O DIA ONLINE
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