quarta-feira, 7 de abril de 2010

Chuva submerge a cidade e faz pelo menos 101 mortos

Rio - Os alagamentos provocados pelo temporal de segunda-feira à noite foram apenas o início de um doloroso pesadelo do qual o Grande Rio está longe de despertar. Na mais feroz tempestade em quase meio século, o carioca amanheceu num total colapso de infraestrutura e viveu uma terça-feira de perplexidade e dor. As mais de 24 horas de chuvas fortes já mataram 101- pessoas na capital e municípios vizinhos — quase o dobro do número de mortos na tragédia de Angra dos Reis e Ilha Grande, no Réveillon.

A maioria das mortes, que dizimaram famílias inteiras, foi em encostas. Em Santa Teresa, o número de mortos no desmoronamento de 10 casas chega a 14, e ainda há 15 desaparecidos. Bombeiros se emocionaram ao encontrar, já mortos, avó abraçada ao casal de netos, no alto do Morro dos Prazeres.

No Morro do Andaraí, o office-boy Armando Souza Silva, 23 anos, perdeu a mãe, Francisca, e procurava o corpo da avó, Tereza. “Não sei o que será da minha vida”, desabafou ele, perto da casa completamente destruída. À noite, mais pesadelo: desabamento soterrou 10 casas na Rocinha e pelo menos três moradores estão desaparecidos.

A terça-feira, porém, não foi só de dor. No Morro da Fallet, o jardineiro Nelsimar Domingos Zacarias, 34 anos, conseguiu resgatar com vida os 5 filhos — Naiara, 15; Nelton, 14; Naiane, 13; Nícolas, 10; e Nelsimara, 9. “Eu me guiei pelos gritos. A mais difícil de resgatar foi a caçula, que ficou toda debaixo da lama. Foi um milagre”, lembrou. Longe dali, outro salvamento emocionante. No Jardim Maravilha, em Campo Grande, onde até botes foram usados para resgatar pessoas ilhadas, dois bebês de colo foram resgatados — um, por um bombeiro; outro, pelo pai.


O mau tempo não dará trégua: o aguaceiro só deve diminuir amanhã. Desde as 17h30 de segunda-feira, foram, segundo a prefeitura, 281 milímetros de chuva por metro quadrado, o dobro do previsto para o mês todo — volume que transbordaria 375 mil piscinas olímpicas. O aquecimento anormal das águas do Oceano Atlântico aumentou os efeitos de frente fria que chegava ao Sudeste e de áreas de instabilidade sobre o estado. Meteorologistas comparam o fenômeno a uma “toalha encharcada torcida sobre a cidade”. Com a maré alta, o escoamento para as galerias pluviais foi ainda mais lento.
fonte:O DIA ONLINE

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