Crianças têm que enxergar ídolo como mau exemplo
Segundo psicólogos, decepção dos fãs deve servir para que eles aprendam o que é errado
Rio - A aparente indiferença de Bruno Souza, com a cabeça sempre erguida entrando e saindo de camburões e delegacias nos últimos dias, não condiz com quem está levando um cartão vermelho da vida por faltas gravíssimas que cometeu. A expressão confiante chega a remeter a quando despontava do vestiário para pisar o gramado do Maracanã e defender seu clube, o Flamengo. Ainda é difícil e delicado explicar às crianças e adolescentes a repentina mudança de time do jogador, que ainda era idolatrado há poucos dias.
Decepcionado, o pequeno Eduardo Marinho rasga a foto do goleiro Bruno, que um dia foi seu ídolo | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
A ficha começa a cair para os pequenos flamenguistas. Eduardo Marinho Neves, 12 anos, ficou impressionado com o crime. Ele acompanha o noticiário e discute detalhes. No início, tentou aliviar a culpa do goleiro, como se não acreditasse. E ficou triste quando descobriu que o ídolo estava mesmo envolvido com o crime. Na escola, próxima ao condomínio onde Bruno mora, no Recreio, o assunto chegou também pelo ar: Eduardo contou que foi difícil estudar na segunda-feira e chegou em casa muito agitado e assustado. “Eram muitos helicópteros sobrevoando a escola o tempo todo!”, relata o garoto.
A psicóloga Maria Valésia Vilela explica que por volta dos 7 anos os pais deixam de ser os heróis e as crianças passam a copiar os ídolos. “Imitar uma estrela de cinema, um cantor famoso ou um jogador de futebol é um processo normal de desenvolvimento, importante para a construção da identidade”, destaca Valésia, ressaltando que, no caso Bruno, é preciso que pais e professores orientem e desconstruam a imagem de ídolo. “Nessa situação específica é preciso transformar a idolatria positiva em uma idolatria negativa. Os pais devem trabalhar no modelo a não ser seguido, mostrar o que o goleiro perdeu com as atitudes dele, como o fim da carreira e o fim de contratos com diversas empresas”, recomenda a psicóloga.
fonte:odia
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