Nervos à flor da pele em almoço para governador em Bangu
O que era para ser só uma reunião em torno da candidatura de Cabral expôs antiga tensão entre Lindberg e Picciani, ambos candidatos ao Senado. Mesa foi arrumada para deixar o deputado em lugar mais próximo ao do governador
POR JOÃO NOÉ
Rio - A mesa de um almoço realizado ontem para promover a campanha de Sérgio Cabral à reeleição foi a arena do mais novo capítulo do embate entre os aliados do governador e candidatos ao Senado Lindberg Farias (PT) e Jorge Picciani (PMDB). Enquanto o petista chamou o outro de futuro senador em seu discurso, o presidente da Alerj nem sequer citou o nome do ex-prefeito de Nova Iguaçu ao falar para 500 empresários em Bangu, na Zona Oeste.
Primeiro a discursar, Lindberg adotou a diplomacia, cumprimentando o deputado. “Quero saudar o futuro senador Jorge Picciani”. O deputado, porém, não retribuiu a gentileza. Ele usou seu discurso para uma crítica indireta ao senador Marcelo Crivella (PRB), um de seus adversários nas eleições, ao elogiar o senador Francisco Dornelles (PP). “Só Dornelles trabalha pelo Rio no Senado”. Ao saber da provocação, mais tarde, Crivella afirmou que essa é a fala de quem está “em último lugar nas pesquisas e deseja subir”.
DANÇA DAS CADEIRAS
As diferenças entre Picciani e Lindberg eram vistas antes mesmo da chegada de ambos à Churrascaria Passo Fundo. Organizadores do almoço — promovido pela Associação Comercial e Empresarial da Região de Bangu (Acerb) — trocaram de lugar as plaquinhas que ficam sobre a mesa indicando os nomes dos convidados para o deputado se sentar mais perto de Cabral.
Ao ser questionado por um rapaz sobre a mudança, o deputado estadual Marcelino D’Almeida (PMDB), integrante da Associação Comercial e um dos anfitriões do almoço, foi breve: “Picciani deve ficar mais perto de Cabral porque é o candidato do governador”. E assim foi feito.
A tensão entre os concorrentes se tornou pública em março, quando veio à tona um inquérito sobre esquema de propina na prefeitura iguaçuana, à época comandada por Lindberg. Na ocasião, ele acusou Picciani de ‘requentar’ denúncias. Recentemente, o clima ficou ainda mais tenso: nenhum dos dois colocou o nome do outro nos materiais de campanha de aliados.
Candidatos trocam farpas
Cabral aproveitou o almoço para provocar seu principal adversário pelo governo estadual, Fernando Gabeira, do PV. Ele rebateu críticas do deputado federal referentes à atuação da PM na morte de Wesley de Andrade, 11 anos, atingido por bala perdida na sala de aula em Barros Filho. “Tem gente que adota postura do ‘quanto pior, melhor’. O Rio vive o contrário”, alfinetou o governador, logo após ser recebido com fogos.
Cabral reafirmou a intenção de não participar dos debates na TV promovidos pelas emissoras Band e Rede TV! e se colocou à disposição para entrevistas, como antecipou ontem a coluna ‘Informe do DIA’. O governador ainda prometeu pacificar toda a Zona Oeste nos próximos quatro anos, além de criar um distrito industrial em Bangu.
Em caminhada em Campo Grande, Gabeira criticou a decisão de Cabral de não participar de debates. Para ele, a ausência empobreceria a campanha no Rio. Gabeira voltou a atacar o sistema de Saúde do Rio em encontro com lideranças comunitárias e policiais e bombeiros. Discutiu temas como o aumento da oferta de transportes para a Zona Oeste e defendeu a PEC 300, que estipula piso de R$ 3,5 mil para bombeiros e policiais.
fonte:odia
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