sexta-feira, 17 de setembro de 2010

 Polícia Federal desarticula quadrilha que fraudava licitações em prefeituras no Espírito Santo

Pelo menos 11 pessoas foram presas, entre elas empresários e funcionários de prefeituras do Estado

Letícia Gonçalves - gazeta online


Atualizada às 15h
foto: reprodução tv gazeta
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Ações da Polícia Federal ocorreram em Santa Leopoldina, Vitória e Vila Velha


Onze pessoas foram presas pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (16) no Espírito Santo acusadas de formação de quadrilha para fraudar licitações públicas em cinco municípios: Santa Leopoldina, Cachoeiro de Itapemirim, Presidente Kennedy, Viana e Serra.

Entre os presos na operação "Moeda de Troca" estão empresários, secretários e servidores municipais. De acordo com o delegado Cassius Baldelli, da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, o esquema consistia em favorecimento de empresas prestadoras de serviço a prefeituras em licitações de 11 contratos firmados entre 2009 e 2010.

"Durante as investigações, nós verificamos que tinha um grupo que, através de contato com servidores de algumas prefeituras aqui no Estado, eles conseguiam fazer o direcionamento do edital ou forjar alguma situação para fazer a contratação direta das empresas do grupo".

Três empresários seriam os "cabeças" da fraude: Aldo Martins Prudencio, Dennys Dazzi Gualandi e Paulo Cesar Santana Andrade. Um deles, Aldo Prudêncio, é irmão do prefeito de Santa Leopoldina, Ronaldo Martins Prudêncio. Mas, ainda segundo o delegado da Polícia Federal, os prefeitos dos municípios onde foi verificada a fraude não são investigados.

Assista à reportagem da TV Gazeta

foto: Letícia Gonçalves
delegado Cassius Baldelli, da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal,
Delegado Cassius Baldelli, da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado da PF
As investigações feitas pelos policiais federais ainda apontaram que as fraudes apuradas nas licitações e contratos com os municípios citados eram realizadas através de combinação prévia com os concorrentes ou alternância deles, utilização de "laranjas" na constituição de empresas, e ainda pela "criação de emergência" para contratação com a Administração Pública. O valor dos 11 contratos sob suspeita é de R$ 28 milhões.

O secretário de Obras de Santa Leopoldina foi preso em Vitória na manhã desta quinta e o servidor da Secretaria de  Administração do município foi preso na casa dele, em Santa Leopoldina.

Em Santa Leopoldina, onde a investigação começou, há 5 meses, os funcionários, que fazem parte da comissão de licitações da prefeitura, favoreceriam os empresários nos editais para que as mesmas empresas vencessem a disputa. Após o início dos trabalhos da Polícia Federal a investigação chegou às outras cidades.

Entre os serviços prestados, com fraude em licitações, estão limpeza pública, manutenção de veículos e até shows. Cerca de seis empresas participavam do esquema.

Arma e dinheiro

Além dos 11 mandados de prisão preventiva, 15 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça de Santa Leopoldina, foram cumpridos nesta quinta-feira em Santa Leopoldina, Vila Velha e Vitória. Na casa de um dos empresários, na Grande Vitória, foram apreendidos R$ 15 mil em dinheiro. Já casa de um servidor público uma arma sem registro foi encontrada e ele foi preso em flagrante.

A denúncia inicialmente investigada pela Polícia Federal era de que o dinheiro desviado na fraude seria utilizado para formação de "caixa dois" em campanhas eleitorais, o que ainda não foi confirmado. A partir do depoimento dos presos, que estão na sede da Polícia Federal em São Torquato, Vila Velha, as investigações podem se estender a outras pessoas e outros municípios.

Prefeito de Santa Leopoldina nega acusações

O prefeito de Santa Leopoldina, Ronaldo Prudêncio, diz que as acusações são infundadas e que o irmão dele não tem participação nos contratos da prefeitura. O prefeito atribui a denúncia recebida pela Polícia Federal, e que originou a operação, a uma "perseguição política". "Nunca houve tráfico de influência em Santa Leopoldina, meu irmão não tem firma lá, não tem nada".

De acordo com o prefeito entre os alvos da operação em Santa Leopoldina estão um contrato de aluguel de carros para o prefeito, vice-prefeito e secretários e também a contratação de shows durante o carnaval no valor de R$ 120 mil. Ronaldo Prudêncio diz que o contrato dos carros já foi rescindido e que não há irregularidade na contratação dos shows. Ele negou também a formação de caixa dois para campanha eleitoral.

Os servidores da prefeitura de Santa Leopoldina que foram presos serão afastados das funções embora o prefeito os tenha como "funcionários de confiança". De acordo com o prefeito uma sindicância administrativa foi aberta para apurar possíveis irregularidades cometidas por eles.

Consta na decisão judicial que decretou as prisões preventivas que o caso "sangra a administração pública": "Os crimes são de alta gravidade e, apesar de não propiciar cenas chocantes, a exemplo do que se vê em relação  a homicídios, sangram a administração pública por meio de desvio de verbas da educação, segurança, saúde e etc".

fonte:Gazeta Online

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